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terça-feira, 17 de julho de 2012

Monólogo ao Rei Primata





  • “- Agora tu, pequeno inútil”.

  • “-Agora tu, que queres manter sob tua tutela o desconhecido? Ouvi ao longe dizer que, no interior do homem, existia um Deus. Que maldito Deus seria esse? Que promulga a sua maldade e faz-te matar teus semelhantes? Que maldito seria esse que te fez tão pequeno em um universo tão imenso? E que agora anuncia o maior genocídio! A extinção de uma espécie consciente.
  • - Desgraçado, sejas tu. Que alimenta essa ideia, que afetará tantas vidas, e que irá limitar tantas mentes.
  • - Mas, quem sou eu? Para te julgar, eu também sou um idiota, um inútil. Um primata...
  • - Tu que é o Rei dos primatas, e que veio do barro, e que veio da virgem, e que veio de Zeus, e que veio do céu, e que veio do mar, e que terá o mesmo fim que eu... Conte-me no que pensas quando milhares de vidas são determinadas por você? Você acredita ter o poder, mas você se torna refém do poder. E perde a sua liberdade, tão terrivelmente, quanto à liberdade que tirou de seus servos.
  • - Rei primata! Estamos fadados aos perigos da consciência.”


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